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sábado, 5 de março de 2016

O NOSSO ESPETÁCULO EM HOMENAGEM AOS 450 ANOS DO RIO E AO CENTENÁRIO DO SAMBA

RIO: O BERÇO QUE EMBALOU O SAMBA

“O samba corre
Nas veias dessa pátria – mãe gentil
É preciso atitude
De assumir a negritude
Pra ser muito mais Brasil” (Luiz Carlos da Vila)

O Espetáculo Musical “Rio: O Berço que Embalou o Samba” nasceu de um musical piloto também produzido e dirigido por mim intitulado “Praça Onze – A Apoteose Eterna do Samba nos 450 Anos do Rio”, espetáculo esse que foi lindamente encenado no Teatro do Núcleo de Arte Grande Otelo, no ano de 2014 e que tinha objetivo principal resgatar valores da cidade que completaria 450 anos de história e cultura, como o samba de raiz, a musicalidade e os personagens dos carnavais antigos.
Sendo assim, para celebrarmos o aniversário da cidade, tomei-o como fio condutor para a idealização de um grande espetáculo que fizesse jus à vasta diversidade cultural do Rio de Janeiro e ao jeito malandro carioca de ser.
E como o samba faz cem anos de existência e é celebrado juntamente com os 150 anos da Praça XI e a comemoração dos 450 anos do Rio de Janeiro, eu como carioca e sambista orgulhoso que sou, propus-me a colocar no palco a história do gênero mais expoente da música popular brasileira – o samba, esse ritmo que tem uma trajetória de dor, um jeito moleque e um suingue na cor.
A minha proposta foi levada a toda equipe do Núcleo de Arte Grande Otelo, com a qual foi intensamente discutida em reuniões e, finalmente, aprovada para execução.  
O texto do espetáculo resultou do incansável trabalho de troca de ideias com a equipe e, sobretudo, de pesquisa na net, com a participação dos alunos da Oficina de Teatro e na bibliografia de referência ao tema.  
O ambiente cênico do texto tem como recorte geográfico o Rio de Janeiro, com os mais marcantes momentos do rico itinerário do samba que, por alguma boa razão do destino, se fez carioca através dos nossos próprios baluartes e se tornou “arte popular do nosso chão”; sem, no entanto, esquecer o grande compositor baiano Dorival Caymmi, que tanto exaltou o samba e a baiana.
O espetáculo é constituído de 10 (dez) quadros cênicos que narram, de forma dramatúrgica e musical (como no teatro de revista), a história do samba cronologicamente, desde a chegada dos escravos africanos no Cais do Valongo, com o seu batuque, passando pelas casas das Tias Baianas e quituteiras até a Apoteose da Praça Onze com o desfile das grandes Escolas de Samba.
Cada cena representa uma fase desse gênero musical contagiante que foi cada vez mais se transformando, se tornando mestiço e criando um relicário de emoções, a partir de ritmos como o batuque das senzalas, o lundu, o maxixe, a modinha, o choro e o jongo, até chegar ao que é hoje – identidade musical do carioca e do brasileiro.
Cada aluno-ator protagoniza um personagem real ou fictício, com seus parangolés – o escravo, o moleque de ganho, o nobre, a mucama quituteira, a Tia Ciata, o Malandro, a Boneca de Piche, a dama da corte, o folião, o sambista; mas tudo fundamental para o brilhantismo do espetáculo que, com toda certeza, promoveu o conhecimento e o diálogo com as outras Linguagens Artísticas, quebrando as barreiras do preconceito e da intolerância, pois “o samba é o grande poder transformador”.
O mais interessante nesse processo de criação é o ponto em que a história do samba se mistura e se relaciona com a minha vida, pois foi graças às minhas heranças ancestrais que por ele me apaixonei.

Profº Nilton B. Filho

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